Substituindo a plastificação em ritmo acelerado, processo de acabamento deve se expandir com a maior oferta de filmes e a aquisição de equipamentos pelas empresas.
Em um curto período de 15 anos, o mercado de laminação no Brasil passou por uma intensa expansão, movimento que contínua em ritmo acelerado, com a exploração de novos materiais e a definição de processos de aplicação desse tipo de acabamento, que está substituindo a plastificação – método empregado pela indústria gráfica brasileira há cerca de 30 anos.
A aplicação de filme plástico sobre cartões ou papéis impressos ou não é feita por meio de dois processos diferentes. Um deles é a termolaminação com filme pré-adesivado, o polipropileno bi-orientado (BOPP), transferido para o impresso por meio de temperatura e pressão. O outro é a laminação a frio – também conhecida como “a seco” ou “wet”, pois nesse caso, o adesivo é colocado ao filme durante o processo.
Aplicável a praticamente qualquer produto gráfico, a laminação atende a um dos principais quesitos de diferenciação no mercado gráfico, o valor agregado aos produtos finais. Em diferentes padrões, como matte, brilhante, alto brilho, prata e holográfico, os filmes para laminação podem ainda receber um tratamento que torna a superfície ideal para recebimento de verniz UV localizado ou hot stamping, o que amplia ainda mais as possibilidades de embelezamento desses impressos.
Por isso mesmo, esse tipo de acabamento é empregado em materiais de ponto-de-venda e impressos promocionais, produtos sofisticados, como embalagens especiais, e principalmente em itens que devem atrair a atenção dos consumidores ao serem expostos nas prateleiras, como cadernos e livros – produtos que também apresentam alto grau de manuseio e requerem resistência superior.
Evolução
Há pelo menos três décadas, as gráficas brasileiras começaram a plastificar os impressos. O método, que utiliza filme base de polietileno, considerado menos nobre que o BOPP da laminação, ainda tem utilização bastante intensiva. “Na verdade, criou-se essa distinção entre os dois processos para o mercado perceber que se tratava de uma novidade, um produto mais nobre”, explica Marcos Marcello, diretor de Marketing da distribuidora de filmes Prolam.
Segundo ele, até a segunda metade dos anos 1990, a laminação estava concentrada em dois segmentos de mercado. De um lado, empresas como a Editora Record, as gráficas Burti e Pancrom, entre outras que foram as primeiras a adquirir máquinas automáticas de termolaminação e fazer a importação de filmes. De outro, as empresas prestadoras de serviços de acabamento gráfico, que optaram pelos equipamentos “a frio” e passaram a oferecer a novidade aos clientes.
Atenta às novas oportunidades, a Prolam, que já atuava no mercado de plastificação desde 1993, firmou parceria com GBC Ink, um dos principais fornecedores de filmes para laminação dos Estados Unidos, e passou a oferecer bobinas fracionadas nos formatos industriais dos clientes. “Com isso, aconteceu o que eu defino como democratização do mercado, porque qualquer empresa que tivesse pelo menos uma máquina de plastificação, que é adaptável ao processo de laminação, teria condições de passar a oferecer os serviços”, afirma Marcello.
Questão de temperatura?
De fato, a partir de 1997, houve um importante incremento, a partir da adoção do processo por dezenas de empresas – gráficas em geral, caderneiros, editoras e prestadores de serviços. Nos dias de hoje, a questão que movimenta esse segmento em plena trajetória de crescimento diz respeito aos processos. Na verdade, um ponto de convergência, no qual os integrantes desse mercado avaliam a relação custo-benefício dos processos a quente e a frio, em busca da melhor opção em termos de qualidade e lucratividade.
Alguns profissionais defendem que a laminação a frio perde na qualidade final, uma vez que o adesivo do filme é formulado e manipulado pelo aplicador, o que poderia gerar algum tipo de resíduo sólido. “É possível que ocorra alguma incrustação, que fica especialmente visível em fundos escuros, como chapados pretos e azul-marinho”, comenta o diretor da Prolam.
Entre os aplicadores desse tipo de acabamento, parece haver uma preferência pelo processo a quente. A Lamimax optou por utilizar somente a termolaminação. Na termolaminação temos mais controle do processo e uma variedade muito maior de materiais. Percebemos que a tendência é o aumento no uso da termolaminação, por sua sofisticação, pela proteção que oferece ao produto, e por permitir a sobreposição de outros acabamentos. Nossa expectativa é um uso cada vez maior desse recurso, por isso adquirimos máquinas automáticas e, este ano, faremos novos investimentos nessa área.
Equipamentos
Talvez um ponto fundamental na definição dessa tendência esteja na disparidade entre o valor dos equipamentos. Enquanto uma máquina a frio custa cerca de 550 mil Euros, uma termolaminadora sai por aproximadamente R$ 20 mil. Marcello, da Prolam, acrescenta além da disponibilidade de filmes mais ampla, já existe no Brasil um parque industrial de termolaminação instalado – cerca de 18 máquinas em todo o país –, que é bem maior que o número de máquinas para laminação a frio.
Também o set up da máquina da termolaminação é mais rápido, o que, num mercado como o brasileiro, que tem tiragens de média para baixas, é um item de grande peso na escolha. Vale destacar que, no processo a quente há, ainda, as opções entre máquinas manuais e automáticas. As primeiras exigem mão-de-obra intensiva, normalmente dois operadores e um ajudante. Nas automáticas, uma pessoa faz a produção equivalente a de cinco equipamentos manuais. Em termos de volume de produção, a máquina manual faz de 800 a mil folhas por hora, enquanto a automática chega cinco mil folhas/hora.
Seja como for, com o aumento da demanda, as empresas fizeram ajustes internos, seja aquelas que adquiriram equipamentos automáticos ou aquelas que adaptaram os já utilizados na plastificação.A Prolam fez um segundo movimento dentro desse mercado e passou a oferecer, a partir de 2003, em nova parceria com a GBC, um equipamento de termolaminação automático a um preço de venda competitivo – a Voyager III de formato folha inteira. “A partir do momento em que oferecemos o produto e a assistência técnica, conseguimos implementar um grande número de máquinas no mercado”, comenta Marcello.
Inovação em filmes
Além das máquinas, cresce a oferta de filmes, todos importados, de países como Estados Unidos, Índia, França e Espanha. Atualmente, o mercado assiste a uma verdadeira invasão de diferentes tipos de filmes. “Introduzimos no mercado a versão do filme prata, que, ao ser aplicado em algumas tonalidades de tintas, dá a estas um efeito metalizado”, comenta Marcello da Prolam. A distribuidora inovou com filmes holográficos que oferecem um aspecto visual tridimensional, com “movimento”, que fazem sucesso quando aplicados em materiais para o público infantil. Outra novidade são os filmes a base de poliéster, com resistência a riscos, rasgos e abrasão superior ao BOPP. “A versão alto brilho é ainda mais intensa e a versão fosca tem uma apresentação menos ‘matteada’”, diz Marcello. A próxima novidade anunciada é o filme “Anti Scuff” (anti-risco), em BOPP, que se destina principalmente aos produtos com alto valor agregado, como livros de arte e reports de grandes corporações.
Recentemente, a Prolam lançou duas versões de filmes direcionados ao mercado de impressão digital, para suprir as restrições à laminação existentes nesses processos, causadas especialmente pela impressão base toner, que deixa um residual graxo sobre o substrato e prejudica a adesão. O filme de poliéster Prolam Hi-Tac tem termoadesivo mais agressivo do que o BOPP convencional e permite laminar imediatamente após a impressão.
Para Reinaldo, da Lamimax, as novas possibilidades de filmes para termolaminação no mercado devem mesmo conduzir a um crescimento no uso desse processo em detrimento do sistema a frio. “Avalio, porém, que haverá um crescimento no volume total de vendas, contudo pouco significativo, pois os produtos especiais têm custo elevado e são de pouca solicitação. Além disso, os mercados de produtos especiais, termolaminados ou a frio, são completamente distintos, um não interferindo no outro”, afirma.
Nova onda de evolução
Essa expansão do parque industrial, iniciada há cerca de três anos, deverá conduzir a um acirramento da concorrência, marcando nova etapa da crescente evolução do mercado de laminação. “Antes, as empresas tinham impressoras muito rápidas, mas a laminação não acompanhava esse ritmo. Hoje, existem termolaminadoras com produtividade bastante compatível ao processo industrial.”, comenta Marcello, da Prolam.
Fonte: Revista Abigraf 229 – maio/junho de 2007
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